quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Capítulo XX

às 11:07
» TOM POV.¤ «

E os olhos vêem apenas o que querem. Estávamos próximos demais. Arima estava chorando e visivelmente assustada. Eu, sem a bendita gravata-borboleta, com a camisa toda amarrotada e ela, pra completar, estava sem seu pano que cobria o rosto.

Nunca a vi dessa forma. Ela estava possuída, só pode. Era visivelmente outra pessoa. Olhou Arima com raiva, mas com tanta raiva que a vi morta em minha mente.

- Vocês dois... – nos dirigiu a palavra – você... – olhou apenas para Arima. – Muito menos você! Eu vou acabar com essa palhaçada – disse, decidida. – e vai ser AGORA! – Brenda simplesmente largou a bolsa no chão e correu para a saída do banheiro tão rapidamente que foi apenas o tempo que Arima teve para desmoronar no chão.

- BRENDA! N... - gritei, não terminando a frase. Arima fez isso por mim.

- NÃO! - gritou a garota mulçumana colocando as mãos, agora mais tremulas, na cabeça – Se meu primo souber, se meus pais souberem... – fitava o chão. - Eu estarei morta! – disse, com temor em suas palavras.

Naquele momento meu desespero não me permitiu pensar com clareza. Ela? Morta? Isso nunca.

 » ARIMA POV.¤ «

- Vem! – disse, pegando-me pela mão com a intensidade do momento, obrigando-me a acompanhá-lo e correr para fora. 

O tempo parecia ter ficado mais lento. O corredor era como uma enorme boca que estava nos engolindo. Era escuro e úmido. Meu salto estalando no chão lembra as batidas do ponteiro de um relógio, agora perfeitamente sincronizado com as batidas do meu coração. Batia com dificuldade, lentamente.


Mais a frente, vi e ouvi a mulher gesticulando com velocidade, gritando para meu primo. Passamos rapidamente por ambos, sendo eu incapaz de resistir em o olhar, com rosto cheio de lágrimas. 

"Perdão, Omar."

- Arima? – se perguntou, incerto. - ARIMAAAAA! – gritou, desesperado.

- Tom! – ouvi a voz da mulher, que começou a correr atrás de nós. Meu primo a seguiu. - O que você está fazendo com ela? Solte-a agora! – gritava para mim, que corria cada vez mais rápido. Eu estava perdendo o fôlego, estava ficando cansada.

Na saída do lugar, não notei um desnível na porta e acabei perdendo o equilíbrio. Só não caí porque Tom estava me segurando pela mão. Na última vez que olhei para trás, vi a mulher tropeçar no mesmo lugar que eu e, me atrevo a dizer, com um pouco menos de sorte, quebrar seu salto. Meu primo parou para ajudá-la. 
Já no lado de fora, ainda pude ouvir:

- TOM! VOCÊ VAI SE ARREPENDER DISSO, DESGRAÇADO!

- Allãh vai nos castigar, minha prima! Nossa geração está condenada!

Ignorar não significa que você não ouviu. 

Ele abriu a porta do acompanhante e me empurrou para dentro. Entrei aos tropeços, tentando entender o que estava acontecendo. Ele contornou o automóvel e, depois de entrar, deu a partida, acelerando o carro tão rápido que fez os pneus cantarem.

Neste momento, posso dizer que desconheço tudo ao meu redor e dentro de mim. Minhas emoções, meus pensamentos, meus atos. Quem é essa, afinal?  

Essa não é a Arima.

» TOM POV.¤ «

Ela encolheu-se no banco feito uma criança. Estava tremendo sem parar, enquanto eu pingava suor. Foi então que ela começou a chorar, com as mãos novamente na cabeça, apertando-a com força, como que para reprimir algum pensamento.

- Allãh, Allãh... - sussurrou. As palavras não pareciam sair de sua boca.

Tão imprevisível quando a situação, eu acabei respondendo por Ele.
- Ninguém vai te machucar, Arima. – disse, fazendo-a parar de soluçar. – Eu vou proteger você, sempre. - Eu faço qualquer coisa, Deus. Pra tê-la em segurança, pra vê-la bem e feliz. Qualquer coisa.


É tão surreal dizer parte disso em voz alta. E eu não estou apenas jogando as palavras no ar, não! Isso tudo é a mais pura verdade!  Ninguém fará mal a ela, não enquanto eu estivervivo. Esse menina, é como uma esperalda para mim. Uma pedra preciosa e de muito valor. Ninguém vai tomá-la de mim.

"Em meio a um clima desses, só meu irmão para descontrair o ambiente." - pensei, no que senti meu celular vibrar. 

(ATENDER) B I L L  K A U L I T Z  (DESLIGAR)

- ALô? Bill? - perguntei, ainda surpreso. Com essa ligação de gêmeos, não se brinca.

- Tom! Onde você está? Tudo bem? 

E parece que ele ainda está aflito.

- Err...sim! Tudo ótimo! - respondi. Odeio ter que mentir, mas como explicar minha situação? "Oi mano, estou ótimo! Morri de tédio numa festa, segui, ou melhor, persegui uma mulçumana até o banheiro, escalei paredes, cai, fui pego e agora sou um fugitivo com uma árabe raptada a bordo!" 

É, aho que o Bill não é tão compreensivo a ponto de aceitar isso. Na verdade, não creio nem que ele vá acreditar nessa história cabulosa. Eu, no lugar dele, daria boas gargalhadas, isso sim.

-  Que bom. - suspirou, aliviado. - E onde você está agora? 

Boa pergunta! E agora, Tom?

- Você não está dirigindo, está? - perguntou, antes que eu pudesse responder a pergunta anterior.

Isso!

- Pois é, estou! - respondi, não contendo minha felicidade. A conversa agora tinha menos de 1 minuto até terminar.

- Desligue o celular, Sheisse! Sabe que é perigoso falar enquanto dirige! - disse, quase gritando do outro lado.

- E que culpa eu tenho se foi você quem ligou?! Ein?! Agrrr! - respondi sem paciência, desligando.

- Aquele idiota. - disse, jogando meu celular no banco de trás, que rolou no banco até bater numa sacola.  O Bill não tem jeito mesmo, nunca muda! (...) Espera um pouco...

"Sacola?" - pensei, virando mais uma vez  a cabeça para trás.

E não é uma, são várias! Tentei esticar o braço pra alcançar alguma delas, mas sem sucesso. Deixa!  Elas não vão sair dali, vão? Preferi não olhar nada agora e só continuar dirigindo. Preciso pensar em algum lugar pra ir.

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